Oblivion

É pacífico deixar que a água
cubra
minha cabeça
abafe
meus ouvidos
Aplacado.
No escuro, o todo
Nós
E tão somente outros.
Devir
Eu corro sem levantar da cadeira
Giro um mundo
Depois me deito, e espero a hora do jantar.

Venha aqui e dance o twist.

Barulho de liquidificador
Pedacinhos de beterraba girando
É o roxo sangue.
Turbulência cerebral
Venha agora, com um martelo
Do tamanho de um crânio
Depois dos golpes,  suco de beterraba.
Brindemos!
Ah menina, você é tão tosca
Menina os dentes bonitos
E essas mãos fininhas, pura elegância menina
E o cabelo que dá vontade de puxar, menina
Tem a  outra menina, menina
Mas ela finge ,menina. Eu já não sei
Só funciona no escuro
Ela mente, menina, eu sei.
Menina, será que você me mostraria?
Eu falo pra menina, menina
Falo que daremos a volta por cima
Não fale pra ninguém menina
A menina sabe bem.

Je veux

Eu deliro coletivamente
Ou só
Com uma arma na cabeça
Delito
Deliro o desejo em si,
Na falta de vontade.
Eu poderia dizer que estou morta
Mas é que alguém quer que não esteja
Alguens, talvez até eu.
Ao que tudo indica ainda me importo
“Faz coisas que tu gosta”
Eu atravesso a cidade ,
Pago o dinheiro que não tenho
Respiro toda essa fumaça
Vejo sem,
Sêmen
e ainda me atraso
Pra me encher com alguma coisa
acreditar que algumas  coisas
Dão sentido a outras
Ou é desejo cooptado
Disfarçado com doutorado
Vai saber…

Pronomes relativos

Não interessa a rima , parece tudo tão fútil.
Esses nomes , o meu rosto, esses olhos
Só penso no que quero que vejam em mim,
meu eu eu eu eu
E não suas opiniões.

Felicidade parece com perigo
Bem estar e sorrisos,
Eles correm na direção oposta.
Capturo-os por alguns momentos
E ficam guardados na memória por anos…
Parece bonito, mas é tudo horrível
Esse eu,
Dramático , narcísico
Introspectivo

Não sei o que quero dele
Nem ele de mim
O eu que já não é eu,
Que outros criaram
O eu que não sei,
Eu é que não sei!

A chuva não para

Chove muito em Porto Alegre
Não fosse por ela, eu estaria aproveitando
Tomo meu chá, leio livros que parecem nunca acabar
As nuvens estão pesadas
O céu é tristonho
Escuto canções de amores amargos
Espero o bzz bzz do celular
Onde ela está?
Se chover não virá.
Anseio por saber…

Bzzz bzzz
(Mensagem de uma tia)
O pequeno aparelho escuro voa pelo quarto
Com um estrondo acerta a parede
Deixa uma marca branca na tinta azul
Bzz bzz
– Bom dia, Dormiu bem?
Sonhei com você, tive saudade
Passo aí mais tarde.-

Levanta imbecil, chega de sonhos!
Tua tia quer saber se almoças com ela.
Abra a janela,
Tome um banho poque assim ninguém aguenta!
Ela não vem, ainda não entendeu?
A chuva não para, não para
Não para .
Pare então, pois ela não vem.
Pare, pois assim
Ninguém aguenta!

Desconexo

O café é ruim, e está frio

Esqueci, não bebo café,

Mas está frio.

Uma mosca gigantesca observa do alto da parede

Nos últimos dias ocupei- me com vídeo games antigos,

Pois tenho muito tempo e pouquíssima vontade

De que?

Não sei, por isso digo que é pouca.

 

O cabo de vídeo estragou, meus passatempos ociosos estão se esgotando…

Leria um livro, mas isso de ocioso não tem nada

Sinto que as palavras se embaralham, qualquer esboço de esforço me arrepia.

Pego o celular, mas só encontro mensagens que não desejo responder

Uso o pronome relativo que constantemente, pois novamente:

Esforços…

Eles lá e eu aqui.

Escuto um bater de palmas

– vizinhôôô, viziiiiiinhô –

A janela está aberta, finjo não ouvir;

De qualquer forma, não abriria a porta.

 

Sento-me ao sol com um violão

Deixo que os raios lambam meu rosto até arder

Sinto-me jovem demais para preocupar-me com câncer

Parece inevitável…

Compus uma música

Instrumental

Uau,

Como sou genial

Toco-a mais duas vezes e já a detesto

Uma pena, uma pena

Poderia ter sido um protesto!

 

 

 

Embriaguez

É temível o poder do copo de vinho
Juntou distintos caminhos
Caminhei sozinho, tropecei no copo
Cai no colo
Levantar já não posso!

Se era suave não recordo,
Terminou em beijo áspero.
Por certo não foi seco
Perfumado, de aroma formidável
Tonalidade invejável, inspiração de toda poesia

Depois veio a ressaca.

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